segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Proposta de logotipo!

A associação precisa de um logotipo. Recebemos ao longo dos meses duas grandes contribuições e por enquanto temos utilizado a ideia proposta por Darlan Filé Júnior, que é o logo da impressão digital que aparece no cabeçalho desse blog.





Recebemos também uma bela contribuição artística do Rafael Puertas:


E para dialogar com essa proposta de imagem, temos algumas brincadeiras com as palavras e com a imagens: 

A mão que (A.)CURA

Mão onde se tatua o trabalho, que revela o trabalho: marca de tinta, carvão, mato, sol, sangue, luva, borracha, formol, cabelo, pó, giz, álcool, jornal, serragem, perfume, estrume, corante, gordura, água, sabão, ferro, ferroada, picada, mordida, arranhão, mofo, talco, graxa, óleo, grafite, gel, argila, hidratante, sêmen, calos, cortes, farpas, rugas, micoses, saliva, pelos...

A Associação decidiu então desenvolver seu primeiro projeto em parceria com a ASAP (Associação Suzanense de Artes Plásticas) presidida por Roberto De Lima Dorta, e decidimos que a ASAP desenvolverá 12 trabalhos e dentre eles a A.CURA escolherá um para ser o logotipo da associação. Esses 12 trabalhos serão compilados em em exposição itinerante que irá percorrer a região, escolas, praças e centros culturais, além de terem o seus processos de criação registrados em um livreto que também apresentará a história da A.CURA e a biografia dos 12 artistas.

Em abril deste ano (2012) teremos o trabalho ganhador que será revelado em um sarau. Vamos aguardar, bons ventos sopram! A A.CURA agradece a participação e a parceria com a ASAP, estamos muito felizes com essa oportunidade.

Abraços!

A.CURA


quarta-feira, 30 de novembro de 2011

POR JACKELINE LIMA.


Lançamento dos Livros Memórias de Onã e Vacuos Mundi

INDEFINIDO.

Escorbuto, lodo, pasto, asco onde masco comida/chão.

Alimento germe/grão: não, angustia!

Vômito, necessário. Vem a luz, o de dentro, ..., o de dentro!

Marco Maida

- Entra aqui. A sala é escura mas tenho certeza que conseguirá encontrar-se em instantes.

Não entendi o que o homem disse, segui-o. Demora um pouco para o olho acostumar. A mudança de luz sugere alterações na percepção visual: sombras, imagens grotescas, mais imaginação que imagem: fantasma. Tinha a impressão de emergir em outro mundo. Não possuía os critérios necessários para compreender esse outro. Medo! Sempre me sinto assim quando as coisas são incertas, quando perco o controle. Não gosto do imprevisível, parece que tudo se dês-faz. Procuro confiar no que ainda posso ver: pouquíssimo. Ando aos tropeções. Meu guia agora tem aparência impressionante: homem pequeno, rosto deformado (mau congênito), possuía muitas erupções cutâneas desenhando um relevo dérmico repugnante. Evitava olhá-lo. A pouca luz permeava os seus contornos oscilantes: de-forma; a pele que lhe cobria a cabeça, ferida aberta substituía os cabelos. Contei três dentes, não poderia ter mais que isso. Emitia palavras que tendiam ao ininteligível, saiam frouxas por entre os seus lábios flácidos e enrugados, e dividiam o espaço com o esforço de conter a saliva. Era gordo e cheirava a corpo suado. Seu cheiro me entorpecia. A ausência de luz disfarçava as suas formas mas não o seu cheiro. A sala escura era muito quente, abafada. Estou em uma estufa, pensei! O cheiro do homem misturou-se ao cheiro da sala, devia existir um corpo em decomposição ali...!

Sentia-me muito desconfortável. Mas sou uma mulher de opinião. Cheguei ali por que decidi e só vou sair quando alcançar o meu objetivo. Sei muito bem porque estou aqui.

Há um mês atrás a forte dor de cabeça voltou. Ele me avisou que voltaria, mas não com tanta intensidade. Era insuportável, precisava desfazer o acordo e tirar logo isso de dentro de mim.

Marco Maida.
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